Oiço cair lá fora
lágrimas do céu
Caem sem avisar
caem sem nada dizer
apenas se ouve o bater
quando estão a chegar.
Formam um pranto
de formoso encanto
de cor azul.
Chora nuvem, chora
para eu ouvir lá fora
o suspiro do sul.
Suspira o Mundo, suspira
deixando-me sentir fundo
uma melodia de encantar
Traz-me novas de outras gentes
Traz-me o refresco do meu calor,
-Deixa-me ouvir... Não sentes?
A nostalgia de um amor...
Escrito por Henrique Rocha Almeida
em Dezembro de 1993.
"Vive como se fosses morrer amanhã. Aprende como se fosses viver para sempre." Henrique Rocha Almeida
sábado, 14 de agosto de 2010
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Sopro de vida
Deitado nas dunas, sinto a areia que me molda o corpo.
Serenamente vou abrindo os olhos ao mesmo tempo que procuro situar-me no tempo e no espaço.
Vou despertando nesta inicio de dia, húmido, que me orvalha o rosto e subtilmente me refresca.
E o mar....o mar ali tão próximo.
Os gritos das aves sôfregas de alimento fresco, entoam nos meus ouvidos, e simultaneamente num bailado madrugador, mergulham sob as vagas crespadas do mar em busca de uma presa fácil que lhes sacie o apetite.
O vento sopra e presenteia-me com fragrâncias de aroma a sal, alimentando desta forma a minha alma.
O vento que me trespassa imuniza-me ao efeito desta dor.
Antes prefiro ver em ti um sorriso, mesmo distante que pressentir uma lágrima tua...
Os primeiros raios de sol florescem num horizonte, ofuscante e denso, perante o meu olhar que se perpetua como num altar, absorvido numa tela única de rodapé branco, espumoso e purificador que se finda neste leito de areia e maresia onde sossego.
Tento recordar-me de como aqui vim parar. Não me assola qualquer tipo de lembrança talvez porque as recordações, lembranças ou memórias já não façam parte da minha vida.
Não me permito mais a recordar….
Pouco interessa.
Já nada ou pouco me importa.
O meu corpo não é mais que uma barca, num misto de achas e lenha seca, que transporta o passado num baú velho e poeirento.
Não importa… Pouco interessa!
Neste caminho que me resta, rumo ao calvário de lembranças e memórias, quero confiar apenas e só na direcção dos ventos e das marés.
Pouco tempo me falta para voar neste precipício, mas prometo-te, de forma destemida, que nos breves instantes que me faltam para tocar o mar…. Vou pensar em ti....como sempre.
Numa última vez… balanço o meu corpo e flutuo nos meus pensamentos. O medo é meu cúmplice, nesta estranha forma de ocultar a minha ansiedade. …. Elevando-me....sinto-me a voar…
Oiço o vento que me trespassa, percorrendo vertiginosamente o meu corpo num silvo constante e duradouro.
O vento que brincando aos sopros, desta forma me presenteia ao mar num imenso véu de prata e me impulsiona a receber nesta descida rápida e feroz o meu cadáver inerte.
Adoro o mar… Acalma-me e reconforta-me agora que eternamente me abraça e abriga.
Adormeço recatadamente num imenso leito de pranto salgado e profundo, insensível a todos os segredos que se escondem no fundo do mar.
Onde esta o sopro da minha vida?
Foi resgatado pelo vento….
agora é mais fácil poder adormecer-te nas noites ao luar.
Escrito por
Henrique Rocha Almeida
Henrique Rocha Almeida
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