"Vive como se fosses morrer amanhã. Aprende como se fosses viver para sempre." Henrique Rocha Almeida
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
O que resta do que me deste...
Havia muito tempo que não chovia, e o Outono abria a porta para um vendaval de sopros, de brisas e de águas frias.
Caíam as primeiras gotas, e a terra seca, sugava-as num ápice. Nesse dia uma porta se fechou e nem uma pequena janela se abriu. Talvez o frio que me percorria fosse só apenas o sentimento da solidão.
Um ruido de madeira seca solfejou pelo corredor e um trilho metalico esbateu-se na portada, rangendo suave e vagarosamente. Por fim o silencio - Tu já tinhas partido.
Julguei-me em paz....A batalha poderia ter sido mais dura, mas a guerra ainda não terminara.
Apaguei todas as luzes e se não fosse de noite, teria desejado apagar tambem a luz do Sol. Por sorte hoje não havia luar e só me restava por fim a escuridão.
Deitado, de olhos postrados no escuro, pensei em todas as palavras que usámos como lanças, verdadeiros artefactos de guerra, poderosas armas de devastação.
A vida desperta-nos com cada surpresa....
Outrora, outras palavras seriam lançadas como flechas de paz e carinho, de amor e segredos cumplices. Transformámo-nos em guerreiros de lutas perdidas, como perdido julgava o tempo que dispensei contigo.
Ainda hoje me doem as feridas, mas já não sangram como outrora!
No fundo... No fundo... o mais importante de tudo, e de tudo o que poderia perder, não eras tu. -Foi o tempo que não perdi comigo. Foram todos os segundos em que a minha mente só conhecia um sentido - o de amar-te.
Não posso errar duas vezes sem consequências, não posso procurar-te mais nos meus pensamentos, não posso fazer de ti as palavras do meu livro, nem as letras das minhas canções.
O que resta do que me deste, foi uma melodia de silencio e tudo o que posso e resta fazer é esquecer-me de ti.
Talvez hoje não me apeteça errar novamente, talvez até nunca mais.
Não procures a janela que não se abriu. Partistes sem pedir, não peças para regressar.
Aproveita o tempo que te resta, pois a chave da porta que fechastes e que julgastes perdida, talvez nunca a tenhas verdadeiramente procurado e daí não a tenhas sequer encontrado.
O que resta do que me deste...dissolveu-se em pó na minha mente.
Escrito por Henrique Rocha Almeida
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Pecado
Fico sempre assim... Prefiro calar-me do que envolver-te nos meus pensamentos, mesmo sabendo,seres tu a razão da existência dos mesmos. ...
-
"Vive como se fosses morrer amanhã. Aprende como se fosses viver para sempre." A vida é um conjunto de pequenos retalhos, nostálgi...
-
Não compreendes que sou um tolo, que os teus braços são o trilho do meu caminho que sem os teus olhos desconheço a cor do Sol. TU… Que insis...
-
Sentei-me uma vez mais no areal húmido, fechei os olhos e deixe-me levar pela brisa do vento e pelo encanto da voz do mar. Revivi todos os m...
Sem comentários:
Enviar um comentário